Movimento que tomou o país sul-asiático exige a renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina. Somento no domingo (5), pelo menos 91 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas. Homens passam correndo por um shopping que foi incendiado durante manifestação contra a primeira-ministra Sheikh Hasina e seu governo, em Dhaka, Bangladesh, domingo, 4 de agosto de 2024.
AP/Rajib Dhar
O número de mortos em manifestações em Bangladesh aumentou para 300 neste domingo (4), em um dos dias mais violentos desde o início da mobilização. O movimento que tomou o país sul-asiático exige a renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina.
Pelo menos 91 pessoas foram mortas e centenas ficaram feridas somente neste domingo, quando a polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar dezenas de milhares de manifestantes.
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O governo declarou um toque de recolher por tempo indeterminado em todo o país a partir das 18h locais deste domingo, a primeira vez que tomou essa medida durante os protestos atuais que começaram em 1° de julho. O governo também anunciou um feriado geral de três dias a partir desta segunda-feira (5).
A agitação, que fez com que o governo fechasse os serviços de Internet, é o maior teste para Hasina desde janeiro, quando protestos mortais eclodiram depois que ela conquistou seu quarto mandato consecutivo em eleições boicotadas pelo Partido Nacionalista de Bangladesh, principal partido de oposição.
Pessoas participam num protesto contra a primeira-ministra Sheikh Hasina e o seu governo, para exigir justiça para as vítimas mortas nos recentes confrontos em todo o país, em Dhaka, Bangladesh, sábado, 3 de agosto de 2024.
AP Foto/Rajib Dhar
A principal motivação dos protestos é o sistema de cotas do governo que estabelecia que um terço dos empregos governamentais seriam reservados para parentes de veteranos da guerra de independência do país contra o Paquistão em 1971.
Essa política havia sido abolida em 2018 pelo governo da Primeira-Ministra Sheikh Hasina, mas foi restabelecido em junho deste ano.
Isso motivou o início dos protestos, que começaram com estudantes universitários de forma pacífica, sob o argumento de que o sistema é discriminatório. Os protestantes também pediam um recrutamento baseado no mérito.
Embora Bangladesh esteja entre as economias que mais crescem no mundo, especialistas apontam que esse crescimento não refletiu no aumento de vagas de empregos para os estudantes saídos de universidades.
Esse crescimento exponencial do país observado nos últimos anos foi impulsionado pela exportação de roupas prontas para uso, mas foi muito afetado pela pandemia e diminuiu nos últimos anos, segundo análise do The New York Times. Isso também afetou a o ritmo de criação de empregos.
Atualmente, estima-se que cerca de 18 milhões de jovens bengaleses estão procurando emprego, e nem o diploma é garantia de oportunidade de trabalho.
Diante deste cenário, a manifestação dos universitários começou no dia 1º de julho com bloqueios de estradas e ferrovias. Entretanto, logo se transformou em um movimento de descontentamento nacional.
Com informações da AFP e Reuters