Em carta enviada à ONU, país disse que Israel violou a soberania do Líbano ao planejar ação coordenada. Irã entende que tem direito de responder ataque com base nas regras internacionais. Homem mostra como ficou pager após explosão
Telegram/Reprodução
O enviado do Irã nas Nações Unidas disse que o país vai adotar todas as medidas necessárias para dar uma resposta a Israel, após o embaixador iraniano no Líbano ficar ferido no episódio das explosões de pagers usados pelo Hezbollah. Uma carta com as informações foi publicada nesta quarta-feira (18).
? Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Entenda o conflito abaixo:
O Irã é um dos aliados do Hezbollah, que tem histórico de oposição a Israel.
O Hezbollah é uma organização política que tem base no Líbano e possui um braço armado considerado extremista. O Irã já ajudou o grupo com treinamentos.
Na terça-feira (17), pagers usados para comunicação do Hezbollah explodiram em uma ação coordenada, deixando mortos e centenas de feridos.
Um dos feridos na ação é o embaixador do Irã no Líbano.
Segundo o jornal The New York Times, autoridades informaram que Israel instalaram explosivos nos pagers. O Hezbollah havia encomendado centenas de equipamentos, e o lote foi interceptado e modificado antes da entrega.
Israel não assumiu a autoria do ataque. Entretanto, autoridades dos EUA foram avisadas pelo governo israelense da operação, segundo a Associated Press.
Na carta enviada à ONU, o Irã pediu para que o secretário-geral António Guterres condene a "ação terrorista e o crime hediondo" que Israel cometeu contra o embaixador do país no Líbano.
Segundo o enviado iraniano, a ação que provocou a explosão de pagers violou a soberania do Líbano. Como uma autoridade do país ficou ferida na operação, o Irã diz que tem o direito de responder Israel com base nas regras do Direito Internacional.
Esta não é a primeira vez que o Irã ameaça dar uma resposta a Israel. Em julho, o país prometeu punir os israelenses pela morte do então chefe do Hamas, Ismail Haniyeh. O terrorista foi morto em um bombardeio em Teerã, a capital do Irã. Israel não assumiu a autoria do ataque.
Já em abril, o Irã lançou um ataque contra Israel após a embaixada do país na Síria ser alvo de um bombardeio, matando sete pessoas. No mesmo mês, os militares israelenses revidaram a ação iraniana.
LEIA TAMBÉM
Pagers e walkie-talkies: Líbano sofre segundo ataque 'offline' em 24 horas; entenda
VÍDEOS E FOTOS mostram caos após explosões de walkie-talkies no Líbano
O que é o Hezbollah, grupo extremista do Líbano, que teve pagers e 'walkie-talkies' explodidos
O ataque
Centenas de integrantes do Hezbollah ficam feridos no Líbano com explosão de pagers
A onda de explosões de pagers durou cerca de uma hora após as detonações iniciais, que ocorreram por volta das 15h45 de terça-feira, pelo horário local (9h45, em Brasília).
Imagens das câmeras de segurança de um supermercado em Beirute registraram o momento de duas dessas explosões: uma de um homem que pagava suas compras no caixa e outra perto de uma bancada de frutas. Veja acima.
O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, foi um dos feridos pelas explosões. Segundo a embaixada, Amani sofreu ferimentos leves.
A Cruz Vermelha Libanesa diz que mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência foram enviadas para ajudar no socorro às vítimas.
Após as explosões desta terça, o governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuem pagers joguem os dispositivos fora imediatamente, segundo a agência de notícias estatal do Irã Irna.
Um representante do Hezbollah, que falou à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato, afirmou que a detonação dos pagers foi a "maior falha de segurança" a qual o grupo foi submetido desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
Os pagers foram um meio de comunicação móvel desenvolvido nas décadas de 1950 e 1960 que se popularizou durante as décadas de 1980 e 1990, antes do crescimento do uso de celulares.
Já nesta quarta-feira, walkie-talkies usados pelo grupo também explodiram, causando novas mortes.
VÍDEOS: mais assistidos do g1