As línguas europeias contemporâneas podem ser associadas a migrações ocorridas há aproximadamente 5,2 mil anos, de acordo com novo estudo pré-publicado no servidor de pré-impressão bioRxiv. A pesquisa explora a conexão entre a evolução das línguas indo-europeias e a ancestralidade genética de populações que viveram na Europa durante a Idade do Bronze.
A maioria dos idiomas falados na Europa pertence à família indo-europeia, que inclui as línguas românicas, germânicas, eslavas, bálticas, celtas e helênicas, entre outras. Apenas algumas exceções, como o basco, não se enquadram nessa categoria.
Os resultados indicam relações claras entre ancestralidade genética e grupos linguísticos. Segundo os autores, “a chegada da ancestralidade das estepes na Espanha, França e Itália foi mediada por populações Bell Beaker da Europa Ocidental, possivelmente contribuindo para o surgimento das línguas itálica e celta. Em contraste, populações armênias e gregas adquiriram ancestralidade das estepes diretamente de grupos Yamnaya da Europa Oriental”, escreveram os autores do estudo.
Esses achados corroboram hipóteses linguísticas, como as ítalo-céltica e greco-armênia, que explicam a origem das principais línguas indo-europeias mediterrâneas da Antiguidade.
Leia mais:
No entanto, a pesquisa não conseguiu esclarecer todas as conexões na árvore genealógica linguística. Por exemplo, a relação entre as línguas germânicas e ítalo-celtas permanece incerta. Além disso, padrões genéticos não foram uniformes em todas as regiões.
Populações dos Bálcãs, por exemplo, apresentaram herança mista derivada de culturas Bell Beaker, Yamnaya e Corded Ware. Já na Itália, grupos distintos emergiram: indivíduos do norte e centro mostraram vínculos com a linhagem Bell Beaker da França e Espanha, enquanto aqueles da costa adriática apresentaram ancestralidade Yamnaya, mais próxima dos Bálcãs e da Grécia.
Outro grupo, localizado em Olmo, na Itália, revelou ascendência predominante de fazendeiros neolíticos, anterior às migrações da Idade do Bronze.
Os autores reconhecem que as respostas raramente são diretas ao estudar a história humana. Ainda assim, a combinação de genética, arqueologia e linguística oferece avanços significativos na compreensão do passado complexo e interconectado da humanidade.
Embora o estudo ainda aguarde revisão por pares, suas descobertas representam importante passo para desvendar as origens das divisões linguísticas europeias.
Fonte: Olhar Digital