O ano de 2025 promete ser um marco para o cinema. Depois de anos de desafios, como a pandemia e as greves históricas de roteiristas e atores, e um ano ainda abaixo dos níveis pré-pandemia, a indústria cinematográfica busca não apenas recuperar seu vigor, mas também se adaptar a um novo contexto econômico e cultural.
Grandes lançamentos e uma intensa temporada de premiações marcam o período, reforçando o cinema como um espaço de criatividade e conexão com o público. O desafio, entretanto, está em superar questões econômicas e atender às expectativas de uma audiência que busca experiências únicas e acessíveis.
O cenário para 2025 é marcado por uma combinação de desafios e oportunidades. Apesar de o público estar gradualmente retornando ao cinema, a indústria ainda enfrenta questões econômicas e culturais que dificultam a retomada plena. O aumento dos custos de produção e a pressão por bilheterias rentáveis obrigam distribuidoras e exibidores a repensarem suas estratégias.
Amanda Brandão, criadora de conteúdo de cinema e TV, destacou que “o cinema está cada vez mais elitizado, mas as salas já perceberam isso. Este ano, tivemos iniciativas como a Semana do Cinema, com muitas promoções para incentivar o público.” No entanto, ela aponta que as barreiras financeiras continuam sendo um desafio significativo, observando que “as pessoas querem ir ao cinema, mas não têm dinheiro para pagar.”
A conscientização sobre esses obstáculos tem levado a ações que visam democratizar o acesso, como promoções especiais e eventos. “Fazer as pessoas irem ao cinema é um desafio tanto para os criadores de conteúdo quanto para as distribuidoras”, diz Amanda.
A experiência de assistir a um filme em uma sala de cinema continua sendo insubstituível, mas requer adaptações para se manter relevante. Amanda Brandão destacou que “é impressionante como o interesse pelo cinema está voltando, mas precisa ser viabilizado.”
Promoções como a Semana do Cinema e eventos especiais demonstram que o público está disposto a retornar às salas, desde que o custo seja viável. Esse movimento busca reafirmar o cinema como uma experiência cultural essencial e distinta do entretenimento doméstico.
Outro fator que pode fortalecer o cinema é o contraste com o streaming, que tem adotado práticas tradicionais de TV, como anúncios. Esse movimento cria uma oportunidade para as salas se posicionarem como espaços premium e imersivos, oferecendo algo que não pode ser replicado em casa.
A lista de lançamentos para 2025 inclui tanto grandes produções de franquias consagradas quanto obras originais que prometem surpreender. Entre os filmes mais aguardados estão:
A temporada de premiações de 2025 é especialmente significativa. Depois de anos marcados por interrupções e adaptações, a indústria busca retomar o brilho tradicional desses eventos, ao mesmo tempo em que reflete as novas dinâmicas do setor.
“Bom, a gente já vai começar o ano com o Globo de Ouro, que a gente tem aí a possibilidade da Fernanda Torres levar o prêmio [de Melhor Atriz de Filme de Drama], a gente tem a possibilidade do Ainda Estou Aqui levar o prêmio [de Melhor filme em língua não-inglesa]. Então, acho que vai ser uma volta das pessoas que não acompanhavam, né? Aqui no Brasil, principalmente, de as pessoas ficarem mais de olho nas premiações”, destacou Amanda.
“E é legal que isso faz com que, não só Ainda Estou Aqui, mas também os outros filmes indicados ganhem mais destaque e que as pessoas passem a acompanhar mais essas produções”, complementou.
O Oscar, a maior premiação da indústria cinematográfica, é o ponto alto da temporada. Este ano, as expectativas são de que a premiação valorize tanto a excelência técnica quanto a capacidade de contar histórias que dialoguem com o público contemporâneo.
Entre os favoritos ao Oscar em diversas categorias, destacam-se:
Amanda comentou sobre as expectativas de voltar a ter um filme brasileiro indicado ao Oscar na categoria Melhor Filme Internacional.
“E ter o Brasil como representante⦠O meu coração diz que a gente vai, sim, ser indicado em Melhor Filme Internacional. Então, é muito empolgante ver a nossa arte, a nossa cultura, ser reconhecida fora daqui. Porque a gente sabe a qualidade das coisas que a gente produz. E a gente quer que o mundo também saiba, né? E que o mundo também veja”, disse Amanda Brandão.
“Eu não vivi Central do Brasil na época, eu era muito pequena”, comentou Amanda, lembrando o último filme brasileiro que conseguiu a indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional, que também teve Walter Salles como diretor e Fernanda Montenegro — mãe de Fernanda Torres — como protagonista. “Então, vai ser a minha chance de ver o Brasil nos holofotes. Estou bem empolgada”, completou.
Embora o Oscar seja o centro das atenções, outras premiações, como o Globo de Ouro e o BAFTA, também desempenham um papel crucial na definição do panorama cinematográfico de 2025. Essas premiações oferecem um espaço para obras menores e independentes brilharem, trazendo diversidade às discussões sobre cinema.
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O filme Ainda Estou Aqui é uma das principais produções brasileiras de 2024, dirigido por Walter Salles e baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. A obra narra a trajetória de Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres), que enfrenta o desaparecimento de seu marido, o deputado Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), durante a ditadura militar no Brasil. O longa explora temas como justiça, memória e resistência, destacando-se por sua abordagem intimista e emocional.
Ainda Estou Aqui estreou nos cinemas brasileiros em novembro de 2024, após ser exibido em festivais internacionais de prestígio, como o Festival de Veneza, onde recebeu aclamação da crítica. A atuação de Fernanda Torres foi amplamente elogiada, sendo apontada como uma das melhores de sua carreira, enquanto Fernanda Montenegro faz uma participação especial.
O longa alcançou a marca de quinto filme mais assistido no Brasil em 2024, reforçando sua relevância no cenário nacional. A produção foi pré-selecionada para representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025, elevando as expectativas para a temporada de premiações. Também existe expectativa para uma indicação de Fernanda Torres na categoria de Melhor Atriz.
Críticos destacam a direção sensível de Walter Salles e a habilidade do filme em abordar questões históricas com relevância contemporânea.
O cinema em 2025 carrega a esperança de um renascimento. Com grandes lançamentos, uma temporada de premiações robusta e um público que começa a redescobrir o prazer de ir ao cinema, o setor tem a oportunidade de reafirmar sua relevância.
O desafio, entretanto, está em tornar essa experiência mais acessível e em dialogar com as transformações culturais e econômicas do público contemporâneo. Se bem-sucedido, 2025 pode marcar o início de uma nova era para o cinema.
Fonte: Olhar Digital