Um novo catalisador para o mercado argentino? O Bradesco BBI espera que governo do presidente argentino, Javier Milei, faça um anúncio oficial e detalhado, antes de 30 de abril de 2025, de um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que envolveria um financiamento adicional entre US$ 10 bilhões e US$ 15 bilhões.
O montante seria liberado em fases ao longo de três anos — período restante do atual governo — e incluiria a transição de um crawling peg (mecanismo de câmbio em que a taxa de conversão é ajustada gradualmente, geralmente para evitar volatilidade excessiva) para um sistema de flutuação controlada até o final de 2025.
Para o primeiro semestre de 2025, o BBI projeta um desembolso da primeira parcela do novo financiamento, entre US$ 2,0 bilhões e US$ 3,0 bilhões, considerando que o FMI leva em conta a dinâmica eleitoral das eleições legislativas de meio de mandato, previstas para 26 de outubro de 2025.
De acordo com BBI, o programa tem como objetivo recapitalizar o Banco Central da República Argentina (BCRA), fortalecer as reservas internacionais no curto prazo e reduzir a dívida no médio e longo prazo, além de contribuir para a estabilidade econômica. “Um acordo com o FMI ajudaria a dissipar incertezas sobre a solvência do país e poderia resultar em uma queda adicional do risco-país, atualmente em 720 pontos-base”, completa.
Os analistas do BBI destacam que mudança na política cambial, com a eliminação da atual composição do dólar, aliada a ajustes na política monetária e na transição do crawling peg, provavelmente atenderia à maioria das exigências do FMI.
O BBI também acredita que qualquer desvalorização da moeda seria menor do que em episódios anteriores ou ocorreria de forma gradual, impulsionada por fluxos de capital buscando aproveitar o potencial econômico da Argentina após o anúncio do novo acordo e/ou a eliminação dos controles de capital até o final do ano.
No geral, o BBI reiterou recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para ações argentinas, com as principais escolhas sendo Grupo Financiero Galicia, YPF, Pampa Energía, Transportadora de Gas del Sur (TGS) e Central Puerto.
Embora a Argentina não tenha acumulado reservas, o BBA destaca que o governo do país está honrando sua dívida atrelada ao dólar, fortalecendo sua credibilidade — um fator-chave para a renegociação com o FMI, que pode ser um driver para o mercado argentino.
Com relação à moeda, o BBA avalia que o câmbio multilateral real está próximo dos níveis de 2015, novamente, com melhores fundamentos, e os números da dívida em relação ao PIB convergiram para níveis mais saudáveis ââ(perto de 67% para a dívida bruta contra pico de 80%).
Oportunidade de compra?
Javier Tello, gerente de portfólio da TT International (EM Hedge Fund Strategy), disse ao Itaú BBA que o desempenho abaixo do esperado das ações argentinas no acumulado do ano a uma tendência de rotação do mercado, com investidores realocando portfólios de ativos que se destacaram em 2023 e 2024 para aqueles que ficaram para trás.
Apesar disso, ele mantém uma visão otimista sobre o país e considera aumentar a exposição caso a correção persista, destacando um desacoplamento entre os preços dos ativos e seus fundamentos. O BBA concorda com essa análise e mantém uma posição overweight em sua alocação para a América Latina.
InfoMoney